segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Objetivismo ou impostura

O subterfúgio. O revés. Contra o que não se pode lutar, o inelutável, é contra o que mais lutamos. A caridade aglomerada por entre os vagos espaços do ambiente urbano mostrou-se irascível e devastou a calma com que fumava o homem empresarial protegido sob seu terno, que contemplava brando o passar dos carros sobre a longa avenida onde também caminhavam gentes, que foi dócil e relutante no amor mas nunca deixou de enxergar as possibilidades. Em todos os lados, por qualquer parte que distraídos caminhemos, lá iremos encontrá-la... a satisfação expelindo o seu cheiro alegre, descobrindo as suas formas de purpurina perfeitamente postas, para que possamos vê-la e se desperte nos nossos corações adestrados a ensebada  pena, murchando-se então as vaidades. Todos fantoches, os quais nunca com mãos maquiavélicas manipulara, que procuram braços, à sensibilidade alheia mostrando, no semblante merencório, que há feridas, de modo que os olhos, que são secos e são meus, ardam por suas lágrimas. Pois nem por isso, nem pelo que me dói, fôramos feitos homens para que pudéssemos nós mesmos nos segurarmos. Cada membro do nosso corpo. Cada faculdade do nosso organismo. Tudo elaborado em razão da liberdade. O corpo é uma potência coagida pela palavra, aquela que pune, que ordena, que replica e expressa dúvida. São expansivas, pesam toneladas, as almas que desejam serem colocadas nas nossas costas. É demais a responsabilidade que se oferta quando comparada ao pequeno comprimento que tem a vida. Uma largura de paciência, qualquer metro cúbico de ar, algo que seja parecido com uma saída, são patrimônios preciosíssimos. E que dizer duma tarde solitária na qual nos deitamos na rede tragando os nossos cigarros? Não se paga por isso com a tristeza que, soberbos, ostentamos, posto que a naturalidade tem o seu preço caro, e os nossos sentimentos são esses que andam mendigando os restos que se espalham pelo chão, qual a espúria.

Um comentário:

  1. E pra onde vamos com tanta culpa? É uma pergunta que parece ser ridicula, mas como nós, os homens racionais no fim das contas, somos ridiculos, nunca conseguimos resolver a dor que sentimos da culpa. Sabemos que existe um mundo cheio de criações, fantasias humanas, mas somos incapazes de deixar essas fantasias esquecerem da gente. O homem é grande por que diz que cria, mas diante de sua grandeza, o homem é um merda emancipando-se o tempo inteiro criando sempre novas formas, novos caminhos, novas problemáticas e a nossa volta o que vemos é simplesmente "uma história contada por idiotas, cheia de fúria e muito barulho, que nada significa" hehehe. Muito bom! Cara, tenho visto que sua forma de expressão e sua forma de encarar as coisas tem mudado bastante.

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