domingo, 26 de setembro de 2010

Por uma palavra nova

É inegável que passamos por um momento histórico distinto. Sabemos quais são as distinções que diferenciam a época em que vivemos de quarenta ou cinquenta anos atrás. Consequência de um período de transição, onde as armas, devido aos levantes que se deram por todas as partes globo (68), deixam de entoar a sua voz grossa e despótica, é mais do que normal querermos uma largura de ar, nos chafurdarmos nos nossos próprios espíritos para, depois de incontáveis contradições, que em cada ala parecia trazer um pouco de esperança, nos perguntarmos: quem somos nós? Ante às variantes da historia, ante  os rumos que grandes revoluções que diziam lutar pelo povo e seu bem-estar tiveram, ver as pessoas imergidas na descrença quanto à política, quanto ao conhecimento, quanto a tudo, não é um mau sinal: pensar é salutar. É preciso que reflitamos, que ponhamos as mãos nos nossos queixos e deixemos nos levar em pensamentos que nos desassosseguem, e só então veremos que as coisas não andam bem. Todavia, por assim dizer, essa percepção já não tarda: basta que se olhe a água-furtada em que nada qualquer cidadão do século 21, para se perceber, em cada rosto, que algo lhes oprime o espírito e desencanta o coração. Mais do que repetir chavões e tomar emprestado discursos pertencentes a outros períodos, ou ainda coadunar com o fazer-político que está posto, é necessário a quem se dispõe à luta buscar uma linguagem nova e clara, que atenda às demandas daqueles para quem as mangas da camisa se levantam. Afinal, todo processo revolucionário é um meio para que as pessoas possam usufruir o que lhes é de direito, sem que se vejam deslocadas com os rumos da burocracia nascida a partir do momento em que começaram a vislumbrar sua liberdade.

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