domingo, 26 de setembro de 2010

Revolução e revolucionários

Entre soldados mortos, uma mulher, rodeada de jacobinos e girondinos armados, alça a bandeira da França -a mesma que representa a liberdade, a igualdade e a fraternidade. Pela quantidade de cadáveres e os rostos ainda ávidos, podemos supor uma batalha que acabara de chegar ao seu fim. Quem sabe um dos homens com arma às mãos não seja um líder revolucionário, que após a consumação daquilo por que tanto lutou, com passos ainda trêmulos, circunscreve o espaço do campo mortífero. Quiçá os seus olhos sejam aqueles de quem alcançou um ponto extremo, estabelecendo, à grande força despendida por seus músculos, os verdadeiros direitos dos homens. Com a suspensão da suspeita, o que esse quadro propõe não está impregnado de senso-comum. Mas, como em toda análise nos damos o direito do olhar-de-banda, além da miscelânea de cores e da disposição de elementos que criam um clima bravio na obra, remontando um gênero épico, o que podemos ver nessa tela senão um retrato tendenciosamente bem pintado? Respostas, a questões objetivas, são encontradas com facilidade, e muitos chegam a alegar que os revoltosos da França, com ou sem culotes, representaram uma vanguarda revolucionária que, noutros momentos da história, serviriam de exemplo a revoluções consorte. Entretanto, desse pensamento eu discordo cabalmente. Revoluções posteriores à francesa, como mesmo essa acabou, sempre descambaram em totalitarismo. Ou bem ou mal, essa é a lição que a história nos tem ensinado. Será que a sensatez humana continuará a ultrajar o bem-comum?

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