domingo, 1 de maio de 2011

Melhor que a vida seja assim, sem sentido...

Os terrenos instáveis sobre os quais somos fincados, numa imobilidade cuja natureza autodestrutiva permite-nos somente sermos alvos do que vem de encontro. E são mil leões por dia, os problemas familiares da casa ao lado, a enfermidade do cachorro então já velho, a vida em sua mais insana universalidade... o mundo inteiro e as aspirações que não transpuseram o limite dos sonhos. Tal qual uma pedra inerte às margens do oceano, a potência do corpo finge-se de irredutível. Mas cada safanão, a exemplo de cada onda, desgasta o objeto em direção do qual sua força é descarregada. A decomposição é um fato pois existe independentemente de nós, assim como também é um fato morreremos, todos os viventes, suscitando razões que nos torne menos redutíveis frente o desgaste, frente à corrosão gradual de nossa complexa fisiologia. A vida do homem é dedicada à criação de métodos em razão dos quais ele possa esquecer-se de si. No entanto, agindo segundo a sua imanência, a morte lhe chega, tira-lhe os impulsos e perverte o sentido das vidas que a percebem no seu momento de ação. E seria pior se a experiência vital de cada um de nós se repetisse, instituída dos mesmos elementos, por mas vezes. Desse modo, que venha a consumação do acaso, o nada, o destino!

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