sábado, 4 de junho de 2011

Se eu vivesse como olho pássaros

Voltar-se sobre si mesmo, inclinando todo o ser à mesma direção tomada pelo sol quando, laranja e agigantado, imiscui-se no algodão das últimas nuvens vespertinas e adentra o mar, morrendo. Imergir em profundezas mutáveis, diariamente, encontrando lá coisas que compõem um sentido que não derrui, para nascer em outros cantos revigorado pelo sal oceânico como uma criatura nova que perfaz a terra com os primeiros passos. Ter-se a si em grandes volumes é romper com a vida às seis horas da tarde e ressuscitar para ela às seis da manhã, sabendo que a esperança reside no crepúsculo, do qual virá o dia adornado de céu azul e pássaros e brisas, e que há tristeza em todas as criaturas que vivem somente quando se despe o sol para toda a humanidade, posto que dele derivam também a noite e os personagens mais soturnos e sombrios.

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