terça-feira, 27 de novembro de 2012

O impasse dos paliativos

Uma verdade sobre o Brasil, no meu entender, é bastante evidente: a educação oferecida pelas suas instituições formais não está à altura dos problemas relevantes que o circundam, sendo muito perceptível o desnivelamento entre as finalidades do ensino professadas pelas leis e o excesso nauseante de sua deteriorada realidade concreta.

Duas evidências atestam a insuficiência da educação brasileira no que diz respeito à sua efetividade social: 1) enquanto mecanismo que deve atuar em favor da emancipação humana, assim corroborando a conotação ética de sua existência, a educação do país ainda não conseguiu suplantar a consciência colonizada que se manifesta no âmbito de nossas instituições legais, deixando que nelas prevaleçam vícios antigos que ocultam à sociedade horizontes de mudança e reificam o imaginário geral à estagnação histórica; 2) no que tange a sua colaboração como parte essencial de um regime político onde a totalidade assume a responsabilidade de consolidar os passos a serem tomados pela nação, a educação brasileira, não dando o suporte subjetivo para que a política exista segundo a vontade consciente das massas, chafurdou o país no labirinto de uma democracia deturpada e insistentemente imoral.

Os efeitos negativos decorrentes da ausência de uma educação comprometida em alicerçar o plano sócio-político do país são acentuados se pensamos os últimos projetos do governo voltados ao ensino como paliativos que, instaurados tendenciosa e gradualmente, conduzem a opinião geral a pensar que há de fato um programa de mudanças estruturais urgentes.

Ora, políticas educacionais baseadas em acordos estabelecidos entre governo federal e iniciativa privada são uma das provas cabais do desinteresse do estado numa educação fundada em objetivos sérios, haja vista a sua timidez em financiar uma reforma radical do ensino público. Na verdade, o que se depreende disso é a firmação de um pacto econômico-eleitoreiro entre governo e capitalistas donos de faculdades, e não um interesse em acordar a população, mediante a democratização de um ensino crítico e de qualidade, para suas tarefas sociais.

Sendo assim, em meio a essa situação tão adversa, o que podemos fazer? O mais interessante, em um primeiro momento, seria encabeçar a recomendação que István Meszáros faz na sua obra A Educação Para Além do Capital: tomar a negação da educação que temos como primeiro passo para a realização de uma ordem social metabólica que sustente a si própria, sem nenhuma referência autojustificativa para os males do capitalismo. Isto é, a rejeição da educação atual não deve estagnar na mera negação, mas nos conduzir à busca ininterrupta de meios para a criação de uma nova sociedade.

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