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Conto. Em dada manhã, surpreendentemente, o mais sofisticado dos softwares empreendeu domínio total sobre a consciência de um ser humano, relacionando aos seus caprichos toda ordem desejos outrora orgânicos. À vista de qualquer necessidade o computador alertava ao seu comandado com sinapses, abrindo-lhe um leque de opções sobre o que devia ser consumido. Os desdobramentos teóricos do experimento foram relatados em diversas publicações especializadas, recebidas com estupefação pela comunidade científica. O bem que as pessoas poderiam fazer a si mesmas e não faziam era distribuído indistintamente pela máquina, como se prouvesse de um coração capaz de engendrar sentimentos. Regozijados, os canais repercutiam pela rede o instinto altruísta da grande novidade. O júbilo generalizado se fazia transmitir pelo impulsionamento da hashtag aos trending topics, que ordenavam o conteúdo dos telejornais pela escala do que mais estava sendo visto e compartilhado. Pelos becos, em fuga, por vezes se ouvia o sibilar esguio de algum mouco: "Socorro! Dominação!".